
Tecnologia pode evitar queda de idosos
Quedas em idosos são consideradas um problema de saúde pública devido à gravidade das lesões que podem gerar. Diversos métodos já existem para auxiliar cuidadores e médicos a prevenir esses acontecimentos, mas eles costumam limitar a liberdade dos idosos. Uma pesquisa realizada por meio de uma parceria entre o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e o Departamento de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tenta resolver essa questão de outra perspectiva. O projeto foi premiado, no fim de agosto, com uma bolsa de estudos financiada pelo Google, com duração de um ano.
Com a utilização de um acelerômetro, um pequeno aparelho que mede a alteração de velocidade durante um percurso, a pesquisa pretende detectar tendências que podem levar idosos saudáveis a quedas em um futuro próximo. Realizada pela mestranda de Gerontologia da UFSCar, Patrícia Bet, a pesquisa recebe a orientação do professor Moacir Ponti, do ICMC, e também conta com o apoio da professora Paula Costa Castro, da UFSCar.
Eles realizaram diversos testes e estabeleceram uma amostra de 74 idosos que não possuem histórico de quedas nos últimos seis meses. A avaliação consiste em um questionário sociodemográfico e outro de rastreio cognitivo, que, segundo Patrícia, analisa diversos domínios: atenção, memória, orientação, capacidade de nomeação, de obediência a um comando verbal/escrito, de redação livre de uma sentença e de cópia de um desenho complexo. “Quem possui declínio cognitivo foi excluído da amostra, porque nós sabemos que isso representa um risco maior de quedas”, afirma a pesquisadora.
Os pesquisadores também fizeram o teste Timed Up and Go (TUG), que consiste, resumidamente, em cronometrar o tempo que o participante leva para levantar de uma cadeira, caminhar três metros em linha reta e voltar para o assento. O teste é feito com um acelerômetro colocado na altura do umbigo, que coleta os dados com os quais os pesquisadores irão trabalhar. “O desafio é, principalmente, processar os sinais e extrair características que possam indicar futuras quedas. Há uma grande quantidade de sinais brutos, o que inviabiliza fazer uma análise direta”, afirma Ponti.
Com a etapa de teste já concluída, os pesquisadores precisam, agora, de tempo para acompanhar os voluntários e analisar os resultados. “Nós vamos ligar de três em três meses para saber se os idosos caíram e, no final, vamos saber quem caiu em cada período desse tempo. Supondo que uma parte dos participantes venha a cair, nós vamos comparar os dados deles com os dos que não caíram”, ele explica.
O resultado final, segundo os pesquisadores, deve estabelecer padrões de alerta, para que cuidadores e médicos tomem as medidas necessárias que evitem uma queda.
Fonte: Jornal da USP